Projeto Pólis 25 anos
Sob minha coordenação, a pesquisa da história da instituição dividiu-se em três braços de ação: análise dos documentos e elaboração de uma linha do tempo, relacionando seus momentos emblemáticos com o contexto histórico nacional; edificação de um acervo de depoimentos orais com seus diferentes protagonistas (vinte e seis documentos orais acessíveis no Centro de Documentação e Informação/CDI da instituição) e produção de um texto histórico contemplando percurso, tipo de intervenção e a produção teórica do Pólis ao longo de suas duas décadas e meia. Ao revisitar os desafios com os quais foi se confrontando em seu processo de solidificação como ator de seu campo, a pesquisa subsidiou a instituição a lançar um olhar afilado sobre a agenda contemporânea, identificando as questões que, no presente, mobilizam e provocam a sociedade civil. Serviu como texto-base para a publicação Pólis 25 anos – Utopias e Direitos – A Cidade em Movimento (2015).
O Instituto Pólis – Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais – é uma organização não governamental de atuação nacional, idealizada em 1987. A cidadania como conquista democrática é o eixo articulador de sua intervenção dirigida à construção de cidades justas, sustentáveis e democráticas. Desde a sua fundação, o Pólis atua como mediador e facilitador das relações entre a sociedade civil e os governos locais, contribuindo através da pesquisa e socialização de conhecimento para a formulação de políticas públicas no âmbito da participação popular, cultura, segurança alimentar, reforma urbana, manejo de resíduos sólidos, juventude. O instituto possui diferentes programas e através deles busca identificar práticas sociais inovadoras de gestão municipal e participação popular. A estruturação do Pólis como instituto confunde-se com a própria história do processo de redemocratização do país. Neste sentido, perscrutar o momento de sua gênese, e posterior desenvolvimento, implicou também em compreender a natureza das forças e dos conflitos em disputa na longa transição da ditadura para a democracia.
Depoimentos realizados
Adriano Borges Costa (Pólis); Altair Moreira (Especialista em desenvolvimento cultural local e parceiro da área de Cultura do Pólis); Ana Claudia Teixeira (Doutora Unicamp, Conselho Diretor e Fiscal do Pólis); Ana Luiza Salles Souto (Pólis); Christiane Costa (Pólis); Elisabeth Grimberg (Pólis); Hamilton Faria (Pólis); Heloisa Nogueira (Especialista em Planejamento Estratégico, Sócia - fundadora do Pólis, diretora da instituição 1987-1992); Jorge Kayano (Pólis); José Carlos Vaz (Professor USP Leste, Vice-Presidente do Pólis, integrou a Equipe técnica); Kazuo Nakano (Pólis); Ladislau Dowbor (Professor Titular no Departamento de Pós-Graduação da PUC, membro do Conselho Diretor e Fiscal do Pólis); Margareth Uemura (Pólis); Maria Teresa Belda (Técnica da Emplasa, ex-presidente do Pólis e membro do Conselho Diretor e Fiscal do Pólis); Marta Gil (Gerente da Rede Saci - Sistema de Informação para Deficientes, membro do Conselho Diretor e Fiscal do Pólis); Nelson Saule (Pólis); Paula Santoro (Profa.FAU/USP, sócia do Pólis, integrou a equipe técnica); Paulo Itacarambi (Diretor Presidente Instituto Ethos, Conselho Diretor e Fiscal do Pólis); Raquel Rolnik (Professora da FAU/USP, relatora especial da ONU para o Direito à Moradia adequada, integrou a equipe técnica do Pólis); Renato Cymbalista (Professor da FAU/USP, Presidente do Pólis); Rosângela Paz (Professora de Serviço Social da PUC-SP, sócia do Pólis, parceira da área de Participação); Silvio Caccia Bava (Pólis, Diretor do Le Monde Diplomatique Brasil); Tania Masselli (Bibliotecária/documentalista); Valmir de Souza (Professor em Teoria Literária da Universidade de Guarulhos, e parceiro da área Cultura Pólis, integrou a equipe técnica do Pólis); Veronika Paulics (Jornalista, sócia do Pólis, integrou a equipe técnica); Grupo de jovens técnicos do Pólis.
História institucional - Escola Vera Cruz
Integrando as comemorações da efeméride dos 50 anos da instituição (2013), o projeto foi implantado com o objetivo de produzir amplo conjunto documental sobre o longevo percurso da escola, a partir da edificação de um acervo de depoimentos orais com seus diferentes protagonistas: diretores/fundadores, coordenadores, professores e consultores.
O programa deu continuidade à iniciativa semelhante realizada no aniversário de 40 anos, encabeçada por uma de suas sócio-fundadoras – Cinira Stocco Fausto (1932 -2010) – e por um grupo de profissionais da educação e artes gráficas – Gislene Bustamante, Lucília Siqueira e Isabel Teixeira. Ainda que inconcluso, o indiscutível valor documental da coleção originária serviu de baliza para a elaboração conceitual do módulo seguinte.
Pautando-se pelo princípio pluralista que fundamenta as práticas, idéias e ações da instituição, a coleta de depoimentos buscou valorizar, justamente, a singularidade das formações dos seus atores – familiar, acadêmica e profissional; trajetos de vida; escolhas; utopias e concepções de mundo. A miríade de percursos consubstancia, de certo modo, os valores e conceitos que fundamentam o projeto educacional ao longo de suas cinco décadas de atividades sem intermitência: importância capital da formação do professor, papel da Psicologia, valorização da criança como sujeito e do trabalho em grupo, elogio do brincar, renovação dos métodos de alfabetização, entre outros.
Depoimentos realizados
Lucília Bechara (sócio-fundadora); Maria Amélia Pinho Pinheiro (sócio-fundadora); Branca Albernaz (sócio-fundadora); Yolanda Meyer (sócio-fundadora, depoimento in memoriam realizado pelos filhos Lila e Luis Vidigal); Cynira Stocco Fausto (sócio-fundadora, depoimentos realizados in memoriam por Boris Fausto, Sergio Fausto e Lucília Bechara em conjunto com Sonia Bustamante); Sonia Bracher (sócio-fundadora, depoimentos realizados em nome de por Lucilia Bechara e Sonia Bustamante; Fernão Bracher); Alberto Chulam (consultor); Carlos Eduardo Lacaz (consultor); Yakoff Sarkowas (consultor); Marco Aurélio Velloso (consultor); Rosa e Renato Bernhoeft (consultores); Rita Botter (coordenadora); Angela Lima (coordenadora); Eloisa Ponzio (coordenadora); Ana Bergamin (coordenadora); Beth Doria (coordenadora); Elisa dos Santos Vieira (ex-coordenadora); Vera Conn (coordenadora) e Joana Guidolin (ex-coordenadora).
Instituto Fernando Henrique Cardoso/iFHC
Implantado com o objetivo de contextualizar e enriquecer os documentos que constituem o acervo do presidente, o Programa de História Oral buscou valorizar as trajetórias e contribuições individuais dos membros da equipe de governo e, ao mesmo tempo, compreender os processos decisórios, os impasses vividos no momento das tomadas de decisão, as opções não escolhidas e preteridas, os temores diante das incertezas, os conflitos, os conchavos, as leituras do Brasil, os saldos e legados da experiência de participar do Poder Executivo.
Como pesquisadora, integrei a equipe do primeiro módulo do programa (2009) e tive como atribuição: realização da pesquisa, elaboração de roteiros de entrevista e condução dos depoimentos com os protagonistas do primeiro escalão do governo Fernando Henrique Cardoso, em seus dois mandatos a frente da Presidência da República do Brasil (responsável pelos depoimentos com a equipe econômica e diretores das estatais).
Os 23 depoimentos devidamente editados e organizados por tópicos estão disponíveis na exposição permanente intitulada Um plano real: a história da estabilização do Brasil. De forma lúdica e interativa, apresenta o processo de controle da inflação e estabilização da moeda corrente, desde o início da redemocratização no Brasil, em 1984, até a implantação do Plano Real, dez anos depois. Além de apresentar uma cronologia ilustrada dos eventos históricos, propõe a vivência das limitações que uma inflação de mais de 30% ao mês trazia à vida cotidiana da população, e como a estabilidade monetária alterou essa dinâmica. No espaço expositivo há também terminais de consulta ao portal Memória das Telecomunicações, que reúne documentos do processo de privatização do Sistema Telebrás. Um hall com vitrines expõe objetos e textos originais do Acervo Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Acervo Pres. F. H. Cardoso/Carol Carquejeiro
Acervo de História Oral
Bolívar Lamounier, Pérsio Arida, Gustavo Franco, Pedro Malan, Clóvis Carvalho, Armínio Fraga, Geraldo Quintão, Floriano Pesaro, André Lara Resende, Francisco Graziano, Edmar Bacha, Gustavo Loyola, Eduardo Augusto Guimarães, Pedro Parente, Eduardo Graeff, Juarez Lopes, José Roberto Mendonça de Barros, André Franco Montoro Filho, José Eduardo Lucena Dantas, Alberto Cardoso, Luiz Felipe Lampréia, José Luiz Portella, Paulo Renato Souza, Sérgio Amaral, Pedro Paulo Poppovic, Celso Lafer, Sérgio Cutolo, José Cechin, Waldeck Ornelas, Elena Landau, Arnaldo Madeira, Iara Prado, Andréa Calabi, Luiz Carlos Mendonça de Barros, Barjas Negri, Adib Jatene, Andréa Matarazzo, Eduardo Jorge, José Arthur Gianotti, Maria Helena Guimarães de Castro, Boris Fausto, Leôncio Martins Rodrigues, Gilda Portugal Govêa, Joel Rennó e Philippe Reichstul.
Revista Brasileira de Psicanálise
Responsável pela curadoria, pesquisa e produção de exposição histórica sobre a Revista Brasileira de Psicanálise, em ocasião do XIII Congresso de Psicanálise, realizado em Ribeirão Preto, em setembro de 2011. Narrativa estruturada em painéis temáticos e voltada para estudantes e jovens profissionais da área, procurou destacar o germe de renovação presente desde o seu primeiro lançamento, em 1928.
Publicação idealizada e produzida por Durval Marcondes, considerado o pioneiro do projeto psicanalítico brasileiro, e pelo grupo que orbitava em torno de si (incluindo muitos modernistas), surgiu como um braço do movimento em favor da psicanálise como campo de conhecimento e prática terapêutica. Integrando o debate filosófico, estético e sociológico que se travava na época no Brasil, a defesa da psicanálise confrontou o conservadorismo político e científico, marcado pelo positivismo da Primeira República. A luta pela sua institucionalização contribuiu para que o Brasil ingressasse na modernidade, balizando-se, em parte, pelo ideal das vanguardas europeias, e também a partir de referências e matizes próprios. Se há, portanto, uma relação inextricável entre a criação da primeira sociedade psicanalítica brasileira e latino-americana - Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, em 1927 – e a Revista Brasileira de Psicanálise, o vértice deste laço sintetiza-se na ideia de vanguarda. Procurou estabelecer fina sintonia com as questões emergentes de seu campo, adotando diferentes projetos gráficos, incorporando novos interlocutores e ampliando o arco de suas discussões. Diferentes tendências teórico–clínicas; os diálogos cada vez mais recorrentes da psicanálise com outros campos de conhecimento; a interlocução do movimento brasileiro com o debate internacional; estas são algumas das muitas frentes de análise com as quais a Revista se manteve comprometida e que pautam sua atuação referendada pela marca da reinvenção.